Pontos-G – Chakras Invertidos

Pontos G – Chakras invertidos é o projeto da autoria do artista Paulo Teles para o INVITRO-GERADOR: Runtime Realtime People.

Nas palavras do próprio, trata-se duma instalação sensorial interativa baseada em plataforma sensorial. Por meio de captadores de movimentos de aproximação ela promove comunicações e expressões de cunho estético ativadas pela mobilidade corporal de seus interagentes. Construída e produzida no local de sua ocorrência, uma escultura radiante de sete cores, cujo formato remonta a um arcabouço de espinha e costelas, convida os presentes a passarem pelo seu interior sensorizado e se tornarem agentes expressivos de suas manifestações.

O projeto artístico pretende:

  • Promover a transdisciplinaridade pessoa-computador no campo artístico interativo;
  • Apresentar junto ao público português uma produção artística derivada de uma investigação sistémica na arena da interatividade expressiva sem toques.

A composição visual resultante dos arcos e tubos deverá sugerir um esqueleto vazado pelo qual as pessoas deverão penetrar até saírem pelo lado oposto. O mapeamento de cada sensor contém algoritmos que ativam e alteram elementos sonoros e cromáticos que remetem às características orgânicas e existenciais de um determinado chakra. Assim, a movimentação dos indivíduos interage com o sistema sensorial que pode levá-los, de forma afetiva e metafórica, a “compreender” os efeitos provocados como uma “liberação” em clímax ou uma frustração de “energias mal liberadas”. Tal jogo estético torna-se ainda mais complicado e desafiador, à medida que mais pessoas se adentram ao sistema e, com isto, tendem a tornar o ambiente mais “caótico”.

A narrativa-chave desta interface aborda a transferência sistêmica da energia vital humana enquanto elemento de ligação primeira entre a informação e a matéria sob um diálogo da filosofia oriental com a psicanálise reicheana ocidental. No caso em particular, a crítica do psicanalista alemão Wilhelm Reich à contensão e à negação dos impulsos energéticos “excitadores” presentes nas culturas orientais de um modo geral, à tentativa de vivenciá-la pela expressão audiovisual das áreas sensorzadas é, em última instância, o que buscamos expressar com esta instalação. Se por um lado o movimento do indivíduo é transformador e ativador das expressões audiovisuais, por outro o não mapeamento de sua gestualidade libera o corpo deste de um rígido controle estético, tornando-o, sem efeitos, compositor e ornamentador ativo da obra.

Com o objetivo de dialogar com a proposta reicheana de “liberar os afetos que, em dado momento, estiveram sujeitos a severa inibição e fixação” esta instalação busca elementos que remetam aos elementos ativadores de posturas repressivas, intimidadas, expansivas e liberadoras. Assim, o indivíduo interator, por meio de movimentos de aproximação, de distanciamento e de exploração espacial em torno da coluna, aciona, modifica, distorce e desmancha um ambiente repleto de expressões e de evocações fonéticas verbais, não verbais e “semi-verbais”, além de imagens de varam desde cenas cotidianas até abstrações pulsativas de leituras sonoras, que remetem à leitura cotidiana social e introspectiva do indivíduo comum.

Desta forma, cada “sensor-chakra” conterá os quatro comportamentos energéticos vitais reicheanos e um “ponto G” que deverão ser acionados de acordo com a proximidade de alguma pessoa a cada sensor. Seus elementos “neuro-nodais” se caracterizarão de momentos sonoros (pulsações, ondas, tremores, convulsões, entre outros) e visuais, variantes entre a tensão, a carga, a descarga e a relaxação, emanadas sob os diferentes espectros das emanações energéticas de naturezas casuais, “nirvânicas”, “etéreas”, “astrais”, emocionais e físicas, peculiares a cada um deles.

Sobre o autor:

Paulo César da Silva Teles é artista multimídia (midiartista), professor de ensino superior e pesquisador. Graduado em Rádio e Televisão pela Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP (1992); Mestre em Multimeios pelo Instituto de Artes da UNICAMP (2001); Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC – SP (2009), com Pós-Doutorado pela Escola de Comunicações e Artes da USP (2015). Atualmente é Professor Doutor da UNICAMP nos cursos de graduação em Comunicação Social, habilitação em Midialogia, e em Artes Visuais, junto ao Instituto de Artes, nos programas de Pós-Graduação em Artes visuais (Instituto de Artes) e Divulgação Científica, além de ministrar aulas nos cursos de Especialização em Design (Instituto de Artes) e Jornalismo científico (Labjor). Com mais de trinta anos de atuação dedicada às artes e à comunicação, tendo muitos de suas obras, pesquisas trabalhos produzidos e exibidos no Brasil e em diversos países, suas atuais produções e pesquisas se vertem aos campos de processos criativos e inclusivos em arte tecnológica; da linguagem audiovisual e processos interativos em mídias emergentes; e da arte-educação multiprocessual.